skip to Main Content

Tela Tomazeli l Editora

Momentos de crise

(Jo 6,60-69)

21º Domingo do Tempo Comum

Em momento algum, Jesus adaptou sua pregação ao gosto de seus ouvintes, nem traiu o Reino para agradá-los. Desempenhava sua missão na mais absoluta fidelidade ao Pai e a seu Reino, embora correndo o risco de escandalizar as pessoas e afastá-las de si. Sua linguagem tornou-se para muitos dura e incompreensível. Não dava para suportá-la!

O auditório de Jesus era formado por pessoas com uma consciência religiosa muito estreita. Suas palavras nem sempre eram compreendidas pelos que eram e pelos que não eram discípulos. O discurso sobre o pão da vida chocou a sensibilidade de todos. Seu conteúdo parecia-lhes inaceitável. Talvez duvidassem até mesmo da sanidade mental de Jesus. E, quando este falou que voltaria para o Pai, o resultado foi o abandono de muitos discípulos que se recusaram a permanecer com Jesus.

É que Jesus não aceitava ser seguido por quem não quisesse acolher sua mensagem, sem restrições. Daí o desafio lançado ao grupinho de discípulos que permaneceu junto dele. Se quisessem, poderiam também ir embora. Se ficassem, deveriam fazer um esforço para entrar na dinâmica que lhes era proposta.

A resposta de Pedro sintetizou a atitude do verdadeiro discípulo do Reino. Só Jesus merece ser seguido, por ter palavras de vida eterna, embora duras de serem assimiladas.

É importante frisar que Jesus introduz naqueles que o seguem um espírito novo e suas palavras comunicam vida, o programa que Ele propõe pode gerar um movimento capaz de orientar o mundo para uma vida mais digna e plena. No entanto, há os que resistem em aceitar seu espírito e sua vida. Sua presença no movimento de Jesus é aparente, sua fé nele não é real. A verdadeira crise no interior do cristianismo sempre é esta: cremos ou não cremos em Jesus? Jesus interpela: Também vós quereis ir embora? É a pergunta que também é feita hoje aos que continuam na Igreja: O que querem? Por que permanecem na Igreja? É para seguir Jesus, acolhendo o seu Espírito e vivendo a seu modo? É para trabalhar em seu projeto? Por que permanecem!

Pedro dá uma resposta exemplar: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna”. Por mais dolorosa que nos pareça que nos pareça a crise atual, com certeza, será positiva se nós que permanecemos na Igreja, muitos ou poucos, vamos nos convertendo em discípulos de Jesus, isto é, homens e mulheres que vivem de suas palavras de vida.

A quem iremos?

Há gestos e palavras de Jesus que nos causam impacto ainda hoje, porque atingem a raiz de nossos problemas e preocupações mais vitais. São gestos e palavras que resistem à passagem dos tempos e à mudança de ideologias. Os séculos que transcorreram não conseguiram amortecer a força e a vida que encerram, por pouco que estejamos atentos e abramos sinceramente nosso coração.

 Não obstante, ao longo de vinte séculos foi muito pó que inevitavelmente foi se acumulando sobre a pessoa de Jesus, sua atuação e sua mensagem. Um cristianismo cheio de boas intenções e fervores veneráveis impediram às vezes muitos cristãos simples de encontrar-se com o frescor cheio de vida daquele que perdoava as prostitutas, abraçava as crianças, chorava com os amigos, transmitia esperança e convidava as pessoas a viver com liberdade e amor de filhos de Deus.

Se muitos cristãos que foram se afastando da Igreja conhecessem diretamente os evangelhos, certamente sentiriam de novo aquilo que um dia foi dito por Pedro: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos”.

Viver as dúvidas com sinceridade

Não poucos cristãos sentem hoje brotar em seu interior dúvidas, não sobre este ou aquele ponto particular da mensagem de Cristo, mas sobre a totalidade da fé cristã. Então, pergunta-se:

Por que resisto a reorientar minha vida a partir do chamado de Cristo? Cedo ou tarde chegará o momento de tomar uma decisão: Ou coloco Jesus no mesmo plano que outras grandes figuras da humanidade, ou então me decido a experimentar pessoalmente o que há de único em sua pessoa e sua mensagem. O importante é a sinceridade do coração. Não fiar-se nas certezas e seguranças do passado, nem desanimar quando começam as dúvidas. A verdadeira fé não está em nossas explicações bem fundadas, nem em nossas dúvidas, mas na sinceridade do coração que se busca a Deus.

Quando alguém busca com honestidade, talvez não encontre resposta imediata para todas as suas interrogações, mas é provável que sinta no fundo de seu coração o mesmo que Pedro: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna”.

Façamos nossa oração:

Senhor Jesus, estamos dispostos a seguir-te sempre, pois só Tu tens palavras de vida eterna. Amém

Edições Antigas

Tela Tomazeli l Editora

Essa matéria tem 0 comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


The reCAPTCHA verification period has expired. Please reload the page.

Back To Top