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Tela Tomazeli l Editora

O preço de um fascínio


Nessa época do ano, Gramado torna-se a pérola natalinas do Brasil, emendando junto notáveis e variados festejos. Então, a cidade fica menor do que a lenda que fascina multidões, atraídas para ver com seus próprios olhos o que todo mundo diz. Então, vivemos a fatalidade do aperto.

Fazemos de tudo para agradar as pessoas e caprichamos na qualidade para poder justificar altos preços, perfeitamente compreendidos porque oferecer tantos e tão bons atrativos requer pesados investimentos. Vivemos a ambição de criar o que nenhuma outra cidade cria; e milhões vivem a alegria e a surpresa de usufruir de nossas tão especiais criações.

Porém, tem um grupo que aqui chegou apoderando-se de nossas ruas, empurrando as pessoas para espaços cada vez menores, roubando-lhes o conforto e a calma que vieram buscar: são eles os automóveis, selvagens legiões que se encheram de beleza e de sedução para estabelecer, a seu gosto, os procedimentos de um país inteiro. Matam se for preciso, mas não abrem mão de serem os guias econômicos e emocionais de todos brasileiros. Além disso, o número deles aumenta vertiginosamente, pouco importando o espaço apertado que lhes espera.

Fingindo que não é assim, nós baixamos a cabeça e usufruímos a delícia dessa escravidão, porque a tudo concordamos em renunciar, menos ao automóvel. Não nos incomodamos com pedaços de calçada, mas não aturamos buracos de rua; menos nos importa o quanto gastamos em rios de gasolina – cujo preço jamais inibe nossa escravidão – do que dispensamos com despesas fundamentais de sustento. E o carro novo é um fascínio acima de qualquer outra necessidade.

Só que esse delicioso vínculo de amor, está começando a beliscar alguns ramos do ódio; ver em Gramado as pessoas atropeladas do centro da cidade ou aprisionadas em ruas nas quais pensavam ter o direito de andar são claros ramos desse ódio. E nós, gramadenses acostumados a sempre andar na frente, estamos envergonhando nossa geração, ao concordar em ser como qualquer cidade brasileira comum, em vez de ser como aquelas que há muito tempo resolveram o problema de sua mobilidade urbana.

Edições Antigas

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