skip to Main Content

Tela Tomazeli l Editora

O Reino em Parábolas

(Mc 4,26-34)

11º Domingo do Tempo Comum

            Os ensinamentos de Jesus eram transmitidos de forma adaptada à compreensão de seus ouvintes. Ele falava por meio de parábolas, partindo de elementos da vida cotidiana. A simplicidade das parábolas escondia uma riqueza de conteúdo, acessível somente a quem estava sintonizado com Jesus. Caso contrário, corria-se o risco de ficar na materialidade das palavras.

            O ambiente agrícola da Galiléia oferecia ao Mestre inúmeras possibilidades de montar suas parábolas. A experiência de semeadura e colheita serviu para mostrar como o Reino tem seu ritmo próprio de desenvolver-se, independente da preocupação humana. A sementinha colocada na terra segue seu ciclo natural, até produzir a espiga, sem deixar-se influenciar pela fadiga do agricultor. A palavra do Reino, uma vez plantada no coração humano, desenvolve-se e frutifica, de maneira misteriosa, pouco contando a insistência do pregador. Esse deve ser capaz de confiar e esperar. Os frutos, a seu tempo virão.

            O fato de uma minúscula sementinha de mostarda dar origem a uma árvore considerável serviu para ilustrar o destino do Reino. Embora suas origens sejam extremamente simples, está destinado a crescer e abarcar o mundo. A pequenez é uma etapa necessária. Pretender que o Reino seja grandioso, desde o início, significa atropelar sua dinâmica. O discípulo conhece-lhe, de antemão, o destino.

É importante semear!

Nem sempre estamos conscientes das profundas mudanças que estão se produzindo na consciência do homem contemporâneo. De acordo com diversos observadores, estamos passando pouco a pouco de “sociedade de crenças”, na qual os indivíduos agiam movidos por alguma fé que lhes proporcionava sentido, critérios e normas de vida, para uma “sociedade de opiniões”, na qual cada um tem sua própria opinião sobre a vida, sem necessidade de fundamentá-la em nenhuma tradição nem sistema religioso.

            As religiões vão perdendo a autoridade que tiveram durante séculos. São postos em questão os sistemas de valores que orientavam o comprometimento das pessoas. Pouco a pouco vão sendo abandonadas as antigas “razões de viver”. Estamos vivendo uma situação inédita: os antigos pontos de referência não parecem servir para muita coisa e os novos ainda não estão delineados.

Não é fácil medir as consequências de tudo isto. Esquecidas as grandes tradições religiosas, cada indivíduo se vê obrigado a buscar, por sua conta razões para viver e dar sentido à sua breve passagem por este mundo. É inevitável a pergunta: Em que se crê quando se deixa de crer? A partir de onde orienta sua vida aquele que abandona as antigas “razões de viver”?

            O resultado não parece muito lisonjeiro. Existem, sem dúvida, pessoas que conseguem orientar sua vida de maneira nobre e digna. A maioria, porém, vai deslizando para a indiferença, o ceticismo e a vida medíocre. A crise atual está levando não poucos para o desinteresse, o esquecimento ou o abandono de uma fé que um dia teve um significado em sua vida. Já não interessam as grandes questões, menos ainda os ideais um pouco nobre. Basta viver bem.

            Jesus fala de uma semeadura misteriosa da Palavra de Deus no coração humano. Pode parecer que existem pessoas em cujo interior ninguém pode semear hoje semente alguma: as pessoas já não escutam os pregadores; as novas gerações não creem nas tradições. No entanto, Deus continua semeando nas consciências inquietude, esperança e desejo de vida mais digna. Ele o faz não tanto a partir dos pregadores, mestres e teólogos, mas, sobretudo, a partir das testemunhas que vivem sua fé em Deus de maneira atraente e até invejável.

Façamos nossa oração:

Senhor Jesus, dá-nos um coração simples para compreendermos a riqueza de ensinamentos escondida em tuas palavras. Amém

Edições Antigas

Tela Tomazeli l Editora

Essa matéria tem 0 comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


The reCAPTCHA verification period has expired. Please reload the page.

Back To Top