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Tela Tomazeli l Editora

Proclamai o Evangelho

(Mc 16,15-20)

Solenidade da Ascensão

A ascensão de Jesus foi um marco importante na vida da primitiva comunidade cristã. Após longo processo de formação, os discípulos tinham diante de si a missão de evangelizar o mundo inteiro, não contando mais com a presença física do Mestre.

Desde que convocou os primeiros discípulos para segui-lo até o momento de sua subida para junto do Pai, Jesus não se descurou a tarefa de preparar o pequeno grupo de seguidores para o serviço da evangelização. As longas caminhadas permitiram-lhe ir explicitando para eles a mensagem evangélica. Os discursos dirigidos às multidões e os debates com seus adversários foram, também, ocasiões propícias para tornar conhecido seu pensamento. Não bastava, porém, a formação intelectual. Era preciso uma preparação em nível existencial.

Isso se deu mediante o exemplo de vida do Mestre. Seu modo de tratar as pessoas, especialmente os pecadores e marginalizados, seu relacionamento íntimo com o Pai, sua liberdade diante da Lei, sua ação enérgica contra toda sorte de injustiça e exploração da boa-fé do povo serviam de alerta para os discípulos, em vista da atitude que deveriam tomar no exercício da missão.

 Com a volta de Jesus para junto do Pai e a conclusão de sua missão terrena, chegou a hora de os discípulos assumirem sua tarefa. Doravante, Jesus passaria a agir por meio deles.

Ide pregar o Evangelho!

O Evangelho não deve ficar no interior do pequeno grupo de seus discípulos. Eles precisam sair e deslocar-se para chegar ao “mundo inteiro” e levar a Boa Notícia a todos os povos, a “toda a criação”. Os primeiros cristãos ouviam estas palavras com entusiasmo, mas como ouvi-las hoje, quando nos vemos impotentes para reter os que abandonam nossas igrejas porque já não tem necessidade de nossa religião?

A primeira coisa é viver a partir da confiança absoluta na ação de Deus. Jesus nos ensinou isso. Deus continua trabalhando com amor infinito o coração e a consciência de todos os seus filhos e filhas, mesmo que nós os consideremos “ovelhas perdidas”. Deus não está bloqueado por nenhuma crise. Ele não está esperando que, a partir da Igreja, nós ponhamos em funcionamento nossos planos de restauração ou nossos projetos de inovação. Ele continua atuando na Igreja e fora da Igreja, embora isso nos dispensa de nossa responsabilidade. Então se pergunta:

Por quais caminhos anda Deus buscando os homens e mulheres da cultura moderna? Ninguém sabe como será a fé cristã no mundo novo que está emergindo, mas dificilmente será “clonagem do passado”. O Evangelho tem força para inaugurar um cristianismo novo. “Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo”(Mt 28,19-20). Marcos nos diz que depois da Ascensão de Jesus, os apóstolos “saíram para pregar por toda parte, e o Senhor cooperava com eles”.

Ora, esta fé nos leva a confiar também hoje na Igreja: com atrasos e resistências talvez, com erros e debilidades, ela sempre continuará procurando ser fiel ao evangelho. Leva-nos também a confiar no mundo e no ser humano: por caminhos nem sempre claros e fáceis, o reino de Deus continuará crescendo. Hoje existem mais fome e violência no mundo, mas existe também mais consciência para torná-lo mais humano. Precisamos sanear nossas vidas eliminando aquilo que nos esvazia de esperança. Quando deixamos dominar pelo desencanto, pelo pessimismo ou pela resignação, nos incapacitamos para transformar a vida e renovar a Igreja. O filósofo Herbert Marcuse dizia que: “…só merecem a esperança aqueles que caminham”. Por outro lado, se pode afirmar: Só conhecem a esperança cristã aqueles que caminham seguindo os passos de Jesus. São eles os que “podem proclamar o Evangelho”.

 O homem de nosso tempo parece viver num “mundo fechado” sem projeção nem futuro, sem abertura nem horizonte. É cada vez menor o número dos que creem realmente nas promessas e soluções dos partidos políticos. Um sentimento de impotência e desengano parece perpassar a alma das sociedades ocidentais. As novas gerações estão aprendendo a viver sem futuro, a atuar sem projetos, a organizar para si apenas o presente. E é cada vez maior o número dos que vivem sem um amanhã. O ser humano não pode viver sem esperança. “Somos viajantes” que continuamente buscando algo que ainda não possuímos […] nossa vida é sempre expectativa. (Clemente de Alexandria). Sem esperança deixamos de ser humanos.

Façamos nossa oração:

Senhor Jesus, contemplando tua ascensão para junto do Pai, assumimos a tarefa de levar, ao mundo inteiro e a toda criatura, a mensagem do teu Evangelho. Amém

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