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Tela Tomazeli l Editora

Gramado, suas mães e suas flores

A ordem prioritária dos instintos humanos é preservação da própria vida, perpetuação da espécie e amor à prole. Para que esses princípios pudessem ser suficientemente eficientes para   garantir que a vida continuasse, Deus inventou as mães. Então, em sinal de agradecimento pela distinção, elas inventaram as flores.

Reconhecendo seu papel central nessa ordem prioritária as gramadenses, sempre atentas ao sentido em que correm as rodas da sorte, entenderam que o tamanho e a importância do mundo que lhes dizia respeito tinham exatamente as dimensões do lugar em que moravam.  Então, em contrito louvor, assumiram íntimo e responsável compromisso com as flores, sentindo-se compensadas por sua fidelidade aos desígnios universais de seu gênero.

As expressões de gratidão começaram quando, no princípio do século XX, Oswaldina Lied adicionou a hortênsia como adorno gramadense. Seu empenho estimulou Irma Peccin que, sob o argumento de que a missão delas ia além dos jardins da casa de cada uma, ofereceu à hortênsia companhia de outras variedades que tomaram conta dos logradouros públicos locais – a propósito, minha mãe sempre que ia a Porto Alegre trazia sementes que mandava eu entregar para D. Irma. Sob esses estímulos o grupo cresceu e se transformou em uma adorável confraria.

O muito especial e evidente apego gramadense às flores, possui tanta solidez porque nasceu ao afago de mães que amaram a cidade tanto quanto amavam seus filhos. Para manter a mística de sua missão, elas mesmas e seus familiares plantavam e definiam as mudas em escolhidos canteiros públicos, preparados por servidores da prefeitura. E os moradores, depois, cuidavam desses jardins de rua como suave propriedade de todos.

 Passaram-se muitos anos, mas a cultura gramadense às flores continua igual, expondo nossas mães de todos os tempos como símbolos da “Cidade Mais Florida do Rio Grande do Sul”.  Embora as unhas manchadas de terra estejam hoje substituídas por ternos olhares apressados, Gramado, suas mães e suas flores seguem estampando o mais terno e belo cartão postal que podemos oferecer a quem nos visita.

  

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