clique nas imagens para ampliarQuarta-feira (25), 9h, Gramado continua em silêncio, apenas o essencial está nas…
Gramado e o tempo
Sócrates, o mais notável dos filósofos gramadenses, quando foi passar umas férias na Grécia descobriu que a justiça é a mãe de todas as virtudes. Também, que para haver felicidade os ingredientes indispensáveis são trabalho, pão e liberdade. Essas constatações foram feitas há centenas de anos e batem em nossa cabeça como um alerta que diz respeito ao sentido do tempo e como ele afeta nossa cidade e, por conseqüência, nossas vidas.
Às vezes pagamos ao tempo mais do que ele merece, pondo à sua disposição parte exageradamente grande de nosso destino. Na verdade, nós é que colocamos conteúdo nos dias e noites que vão passando. Não é o tempo que manda em nós; nós é que mandamos nele.
A esse respeito, tomemos como exemplo Salvador. Lá existem traços claros de outras épocas: prédios antigos que inspiram a prática da cultura tradicional dos baianos. E eles são sucesso mundial porque conseguiram amarrar o tempo aquilo em que acreditam e amam. Em meio a tudo isso, dá para sentir que os salvadorenses são os donos de Salvador.
Muitos outros lugares se deixaram seduzir por vantagens momentâneas e viraram depósito de resíduos do progresso. Exalam odores de decadência que só as moscas aguentam. Além de terem perdido a identidade, perderam a vergonha e o amor próprio. É que não souberam modelar o tempo; deixaram que ele os modelasse de acordo com interesses de uma minoria de aproveitadores ou habitantes insensíveis a mínimos valores da comunidade local.
Essas considerações, naturalmente, são feitas tendo Gramado por referência já que ela é a cidade que nos merece cuidados e reflexões especiais. Observando estações turísticas desmoronando sob um vale de lágrimas e lamentáveis aberrações progressistas avançando sobre nossa terra, ficamos preocupados com as chances de ser ruim que estamos dando para o tempo. Ele está impondo seu controle sobre nós; parece que viramos lacaios de interesses que são alheios e arrogantes. Parece, ainda, que demos às costas à nossa cultura, deixando de ser gramadenses para ser coisa nenhuma, a ponto de nos irritarmos até com o inocente canto de um galo garnizé.
Todos e a cada dia denunciam ocorrências grosseiramente danosas à nossa comunidade. O tempo passa e logo vemos mais motivos para nos entristecer. É bom que os que estão desafiando o tempo com palavras vazias ou coragem exagerada, não fiquem chamando pela mãe quando chegar a hora da cobrança.
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