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Colunista l pe.arisilva@hotmail.com

PADRE ARI ANTONIO SILVA – Mistério de esperança

(Jo 20,1-9)

 

Domingo da Páscoa da Ressurreição

Onde buscar aquele que vive?

A fé em Jesus ressuscitado pelo Pai, não brotou de maneira natural e espontânea no coração dos discípulos. Antes de encontrar-se com Ele, cheio de vida, os evangelistas falam de seu desconcerto, sua busca em torno do sepulcro, suas interrogações e incertezas. Maria de Mágdala é o melhor exemplo do que acontece provavelmente com todos. Segundo o relato de João, ela busca o Crucificado no meio de trevas “…quando ainda estava escuro”. Ainda não sabe que a morte foi vencida. Por isso o vazio do sepulcro a deixa desconcertada. Sem Jesus ela se senta perdida.

Os outros evangelistas relatam outra tradição que descreve a busca de todo grupo de mulheres. Elas não conseguem esquecer o Mestre que as acolheu como discípulas: seu amor vai leva-las até o sepulcro. Não encontram Jesus ali, mas escutam a mensagem que lhes indica para onde deverão orientar sua busca: “…Por que buscais entre os mortos aquele que vive? Não está aqui. Ressuscitou.

A fé em Cristo Ressuscitado também não nasce hoje em nós de forma espontânea, só porque ouvimos desde crianças catequistas e pregadores. Para abrir-nos à fé na ressurreição de Jesus temos de fazer nosso próprio percurso. É decisivo não esquecer Jesus, amá-lo com paixão e buscá-lo com todas as nossas forças, mas não no mundo dos mortos. Aquele que vive deve ser buscado onde há vida.

Se quisermos encontrar-nos com Cristo Ressuscitado, cheio de vida e de força criadora, devemos buscá-lo não numa religião morta, reduzida ao cumprimento e à observância externa de leis e normas, mas onde se vive segundo o Espírito de Jesus, acolhido com fé, com amor e com responsabilidade por seus seguidores.

Em contrapartida temos que buscá-lo não entre os cristãos divididos e enfrentados em lutas estéreis, vazias de amor a Jesus e de paixão pelo evangelho, mas aonde vamos construindo comunidades que colocam Cristo em seu centro, porque sabem que “…onde estão reunidos dois ou três em seu nome, ali está Ele”.

Não vamos encontrar aquele que vive numa fé estagnada e rotineira, gasta por todo tipo de lugares comuns e fórmulas vazias de experiência, mas buscando uma qualidade nova em nossa relação com Ele e em nossa identificação com seu projeto. Um Jesus apagado e inerte, que não apaixona nem seduz, que não toca os corações nem transmite sua liberdade, é um “Jesus morto”. Não é o Cristo vivo, ressuscitado pelo Pai. Não é aquele que vive e faz viver.

 

Jesus tinha razão:

Jesus ressuscitado tinha razão. É verdade tudo que nos disseste de Deus. Agora sabemos que Ele é um Pai fiel, digno de toda confiança. Um Deus que nos ama além da morte. Vamos continuar chamando-o de Pai com mais fé do que nunca, como Tu nos ensinaste. Sabemos que não nos frustrará.

Jesus ressuscitado tinha razão. Agora sabemos que Deus é amigo da vida. Agora começamos a entender melhor tua paixão por uma vida mais saudável, mais justa e feliz para todos. Agora compreendemos por que antepunhas a saúde dos enfermos a qualquer lei ou tradição religiosa. Seguindo teus passos, vamos viver curando a vida e aliviando o sofrimento. Vamos pôr sempre a religião a serviço das pessoas.

Jesus ressuscitado tinha razão: Agora sabemos que Deus faz justiça às vítimas inocentes: faz triunfar a vida sobre a morte, o bem sobre o mal, a verdade sobre a mentira e os abusos. Buscaremos sempre o reino desse Deus e sua justiça. Sabemos que isto é primordial que o Pai quer de nós.

Jesus ressuscitado tinha razão: Agora sabemos que Deus se identifica com os crucificados, nunca com os verdugos. Começamos a entender por que estavas sempre com os doentes e por que defendias os pobres, os famintos e desprezados. Vamos defender os mais fracos e vulneráveis, os maltratados pela sociedade e esquecidos pela religião.

Jesus ressuscitado tinha razão: Agora começamos a intuir que quem perde sua vida por ti e por teu evangelho,  a salvará. Agora compreendemos por que nos convidas a seguir-te até o final carregando cada dia a cruz. Vamos continuar sofrendo um pouco por ti e por teu evangelho, mas o quanto antes compartilharemos contigo o abraço do Pai.

Jesus ressuscitado tinha razão: Agora estás vivo para sempre e te tornas presente no meio de nós quando nos reunimos dois ou três em teu nome. Vamos alimentar-nos de ti quando celebramos tua ceia. Estarás conosco até o fim dos tempos.

 

Façamos nossa oração:

Querido Pai do céu obrigado por esse gesto tão grande de dar teu Filho Jesus para nos resgatar de nossos pecados. Tu és o Deus da vida e agora não resta mais dúvida que não querias a nossa morte quando pecamos, pois nos criaste à tua imagem e semelhança. Não suportaste perder aquele que criaste por amor. Tu és o Deus dos vivos e não dos mortos, por isso nos estendeste tua mão para nos livrar de morte eterna. Obrigado Senhor! Aleluia! Amém.

 

“A responsabilidade pelo conteúdo é única e exclusiva do autor que assina a presente matéria”.

Padre Ari Antonio da Silva

Colunista l pe.arisilva@hotmail.com

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