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PADRE ARI ANTONIO SILVA – As tentações de Cristo no Desert

(Mc 1,12-15)

1º Domingo da Quaresma

Todos os anos, no primeiro domingo da quaresma, o evangelho nos trás o tema das tentações de Cristo no deserto. A narração de Marcos é a versão mais curta sobre o tema, pois ele conta o episódio em dois únicos versículos: “O Espírito conduziu Jesus no deserto e ele ali permaneceu durante 40 dias, tentado por Satanás; estava na companhia dos animais selvagens e os anjos o serviam”.

 

Um dos aspectos que temos que observar, e, de certa maneira estranha: é o Espírito que, logo após ter descido sobre Jesus na forma de pomba, o impele para o lugar da tentação. É preciso aqui fazer um esclarecimento em relação a palavra “tentar” como se Deus o incitou Jesus a praticar o mal. Entretanto, na Bíblia frequentemente se afirma que Deus submete o homem a provas. Como se explica isso?

 

1. Há na vida tentações que não são instigações para o mal: são as situações que também o homem justo deve enfrentar, são horas nas quais somos obrigados a fazer escolhas e que se transformam em ocasiões favoráveis para fortalecer a fé. Quem quer crescer, se aperfeiçoar, purificar-se, revigorar a própria adesão a Deus, não pode ser poupado dessas provas. Quando se recebe o batismo, é o mesmo Espírito que baixou em Jesus que se recebe, entretanto, isso não significa que estamos livres das dificuldades da vida e imunizados das desgraças. Depois do batismo, o Espírito impele o cristão para o deserto da vida, como fez com Jesus.

A frase do evangelho de hoje: “O Espírito impeliu Jesus no deserto”, não é uma simples informação, mas uma mensagem teológica: Significa: depois do seu Batismo Jesus recebeu a força de Deus (O Espírito) e começou sua luta contra satanás.

 

2. Onde ocorreu esta batalha e que duração teve. O lugar foi o deserto e duraram quarenta dias. Esses são dados simbólicos. Quarenta significa aqui “uma vida inteira”, ao passo que o deserto, naquele tempo, era considerado como a morada das forças inimigas de Deus e do homem. Com essas duas imagens Marcos nos quer ensinar que, desde que saiu das águas do rio Jordão, Jesus teve que contrapor-se durante toda a sua vida com propostas que queriam desviá-lo do caminho traçado para ele pelo Pai, propostas que lhe eram dirigidas pelos inimigos, pelo povo e até pelos próprios discípulos.

É bom observar que diversamente de Mateus e Lucas, Marcos não situa as tentações somente no fim do período transcorrido no deserto, mas durante todos os 40 dias.  Se  essa foi a experiência do Mestre, o cristão nunca deve sentir-se sozinho. Dentro de si tem o Espírito, que lhe dá forças para superar qualquer prova e ao seu lado tem Jesus que foi tentado em tudo como ele (Hb 4,15;2,18).  É muito animador para nós, sobretudo, quando temos que enfrentar situações particularmente difíceis, lembrar que também Jesus passou por essas provas.

 

3. Depois de ter narrado que Jesus foi tentado, Marcos acrescenta dois pormenores muitos interessantes: “estava na companhia de animais selvagens e os anjos o serviam”(v.13). Marcos, nessa passagem, não está narrando fatos, mas está usando uma linguagem simbólica, pois aqui Marcos da harmonia em que viviam homens e os animais, após o pecado os animais se rebelaram. Nesse sentido, o profeta Isaías tinha afirmado que um dia teria voltado sobre “a terra a paz universal”, como havia no mundo antes que Adão pecasse: “Então o lobo será hóspede do cordeiro, e a pantera se deitará ao pé do cabrito, a criança de peito brincará junto à toca da víbora”…(Is 11,6-8).

Com as figuras dos anjos e dos animais Marcos quer colocar em contraposição as consequências do pecado de Adão e aquelas da vitória de Jesus sobre o mal. A desobediência do primeiro homem provocou a confusão, a escravidão, a dor, a divisão e a agressividade; a obediência de Jesus deu início a um novo paraíso.

 

4. A segunda parte do Evangelho deste dia (vv.14-15) nos relata, em síntese, toda a pregação de Jesus: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo, fazei penitência e crede no evangelho”. É um convite dirigido a todos os homens no começo da Quaresma: o mundo antigo (aquele no qual as pessoas se comportam como animais ferozes) chegou ao fim; hoje chegou o momento de mudar o coração e acolher com alegria o mundo novo, no qual Jesus já entrou com a sua vitória sobre o mal e no qual todos nós devemos nos deixar introduzir, aceitando o seu Evangelho.

Façamos nossa oração:

Querido Pai do céu, nesse início da quaresma desejamos nos reconciliar conosco, contigo e com os nossos irmãos. Cremos e aceitamos de coração a tua infinita misericórdia, perdoa nossos pecados e nos conceda a graça de vivermos uma santa quaresma para ressuscitarmos com teu Filho Amado Jesus Cristo. Amém

 

“A responsabilidade pelo conteúdo é única e exclusiva do autor que assina a presente matéria”.

Gramado Magazine

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