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Tela Tomazeli l Editora

O Natal Luz e a chuva

Os tempos chuvosos são os mais românticos do Natal Luz. E a razão é que esses dias não são menos originais do que o nosso principal evento anual. Os conterrâneos, embora trilhando as calçadas de nariz torcido, refrescam seu humor admirando-se de como os turistas podem ter tão surpreendente gosto climático. Até parece que vieram a Gramado só para se divertirem à custa dos tropeços com que São Pedro sacrifica as nuvens fazedoras de chuva.

            Os gramadenses pioram de humor quando a chuva se faz acompanhar de cerração. Então, sorriem meio de lado ao verem turistas aproveitando esse sombrio panorama para tirar fotografias // tomadas como jóias gramadense a serem mostradas a seus parentes e amigos quando voltarem para os lugares de onde vieram.

            Mas um fragmento ambiental sem graça e que tira muito do gosto social da chuva é o chuvisqueiro. Ele chega pegando carona na cerração e, desonestamente, parecendo que não molha mas molha. Nesses momentos a santa montanha de fumaça, enviada pelos açudes do Vinte e Oito, trazendo aos nossos visitantes cordiais recados de boas-vindas, é desmanchada em água que escorre vulgarmente pelas valetas.  E os moradores daqui, embora querendo mostrar que em Gramado tudo é perfeito, se irritam por perderem a eficiência como garotos propaganda e definham seu ânimo por terem que se apresentar misturados com a chuva de molhar bobo.

            E os cronistas locais se rejubilam por verem ultrapassados os tempos em que se viam bonecos de Papai Noel, molhados e descoloridos pendurados em lugares públicos ou particulares, poluindo   visualmente a cidade, vulgarizando sua festa natalina. E o aprendizado que trocou desbotadas caricaturas de Noel por sistemática e suave organização artística// misturou raios de luz com a chuva, a cerração e o chuvisqueiro. Então, nos alegramos por termos evoluído a ponto de transformar esses caprichos do tempo em atração turística e não na maldição climática planejada por São Pedro.

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