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Tela Tomazeli l Editora

Gramado e suas crises

Gramado é uma cidade especial porque suas naturezas emocionais e empresariais se traduzem por instrumentos de ação, também especiais, em cada fragmento histórico que lhe oferece o destino. E o destemor ressurge a cada jorro de lágrimas oferecido pelas crises que os tempos lhe puseram a carregar.

Tanto quanto a história testemunha com abundância, as melhores qualidades dos países, das pessoas e das instituições, são despertadas e postas em prática pelas crises. O despertar pode ser provocado por desde uma incômoda dor de dente até uma estúpida guerra ou uma mortífera epidemia global.

Os gramadenses de várias gerações já demonstraram, mais do que uma vez, que é curto o tempo entre um desastre e sua recuperação, entre o cair e o levantar da cidade. Nesse sentido, o exemplo fundamental registrado em nossos arquivos históricos, aconteceu entre os anos de 1915 e 1950, aproximadamente – esse episódio é incansavelmente repetido devido ao seu inequívoco significado pedagógico.

Esses tempos contiveram nosso primeiro apogeu e nosso primeiro declínio, ambos de efeitos retumbantes. Passamos de principal centro turístico do estado, xodó das elites social, artística e política do Rio Grande do Sul, a uma cidadezinha falida, sem graça, entristecida e envergonhada. Um lugarejo onde “nada ia para frente” porque “os veranistas não vieram mais”. 

Porém, meia dúzia de anos depois, esse lixo emocional e econômico foi varrido para o mais profundo cafundó e Gramado renasceu com um vigor nunca visto. Mostrou-se para o Brasil inteiro como excelência artesanal, palco cinematográfico e de música erudita, além de eventos voltados à intensão de renascimento do antigo sucesso turístico.

Sempre atrelada em harmonia com os caprichos da história, o esforço de reconstruir transformou-se no fervoroso costume de construir. É por isso que hoje devotados sonhadores estão fazendo dessa mortífera pandemia, uma sala de aula, que tem por professor Deus e seus motivos. Então, sem lamúrias ou busca de culpados, os gramadenses se atentam às lições que cabem ser colocadas em prática para a construção de outra figura, nova e vitoriosa, no desenho de sua cidade.

Edições Antigas

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