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  • Foto do escritorTela Tomazeli | Editora

PADRE ARI SILVA – A Pedra Fundamental

(Mt 16,13-19) Solenidade de São Pedro e São Paulo Pedro e Paulo são referenciais obrigatórios da primitiva Igreja. Pedro recebeu como missão ser a “pedra” sobre a qual a Igreja seria construída. Paulo foi o pregador intrépido do Evangelho e fundador de comunidades, levando a mensagem da Ressurreição até os povos pagãos. No coração de ambos, ardia uma profunda fé no Senhor. A confissão de fé de Pedro foi possibilitada por uma revelação do Pai. Por si mesmo, o apóstolo jamais saberia que Jesus era “o Cristo, o Filho do Deus vivo”. No máximo, teria identificado o Messias Jesus com João Batista, Elias, Jeremias, ou algum dos profetas, como acontecia na mentalidade popular. Pedro foi além, levado pelo Pai, que lhe revelou a identidade de Jesus. Agora, sim, estava em condições de ser a pedra fundamental da Igreja. Paulo, por sua vez, percorreu um tortuoso caminho até chegar à fé em Jesus Cristo. Por fidelidade ao judaísmo, sentiu-se impelido de eliminar os seguidores de Jesus. Não lhe importava que os cristãos sofressem prisões, perseguições e até o martírio, contanto que se desse um basta no movimento liderado pelos seguidores do Galileu. A experiência do encontro com o Senhor, a caminho de Damasco, deu uma guinada na vida de Paulo. De perseguidor, não só se tornou discípulo do Cristo, mas também o mais corajoso defensor do projeto cristão, deixando, assim, uma marca indelével na Igreja. Confessar a Jesus com a vida: “Quem dizeis vós que Eu sou?” Para os primeiros cristãos era muito importante lembrar sempre de novo a quem estavam seguindo, como estavam colaborando em seu projeto e por quem estavam arriscando sua vida. Quando escutamos esta pergunta, temos a tendência de pronunciar fórmulas que foram sendo cunhadas pelo cristianismo ao longo dos séculos: Jesus é o Filho de Deus feito homem, o Salvador do mundo, o Redentor da humanidade...Será que basta pronunciar estas palavras para converter-nos em “seguidores de Jesus? Confessamos a Cristo por costume, por piedade ou por disciplina, mas vivemos na maioria das vezes sem captar a originalidade de sua vida, sem escutar a novidade de seu apelo, sem deixar-nos atrair por seu amor apaixonado, sem contagiar-nos por sua liberdade e sem esforçar-nos em seguir sua trajetória. Nós o adoramos como “Deus”,, mas Ele não é o centro de nossa vida. Nós o confessamos como “Senhor”, mas vivemos de costas para seu projeto, sem saber muito bem qual era o projeto e o que pretendia. Nós o chamamos de “Mestre”, mas não vivemos motivados pelo que motivava a vida dele. Vivemos como membros de uma religião, mas não somos discípulos de Jesus. Paradoxalmente, a “ortodoxia” de nossas fórmulas doutrinais pode dar-nos segurança, dispensando-nos de um encontro mais vivo com Jesus. Há cristãos muito “ortodoxos” que vivem uma religiosidade instintiva, mas não conhecem por experiência o que é nutrir-se de Jesus. Sentem-se “proprietários” da fé, vangloriando-se inclusive de sua ortodoxia, mas não conhece o dinamismo do Espírito de Cristo. Não devemos enganar-nos. Cada um de nós deve colocar-se diante de Jesus, deixar-se olhar diretamente por Ele e escutar do fundo do seu ser esta pergunta que Ele nos faz: “Quem sou eu realmente para vós?” Responde-se a esta pergunta muito mais com a vida do que com palavras sublimes. Encontrar-nos com Jesus: Nós cristãos esquecemos com muita frequência que a fé não consiste em crer em algo, mas crer em Alguém. Verdadeiramente decisivo é  encontrar-se com a pessoa de Jesus Cristo e descobrir por experiência pessoal, que Ele é o único que pode responder de maneira mais plena a nossas perguntas mais decisivas, a nossos desejos mais profundos e a nossas necessidades últimas. No nosso tempo se torna cada vez mais difícil crer em algo. As ideologias mais sólidas, os sistemas mais poderosos e as teorias mais brilhantes foram aos poucos cambaleando ao mostrar suas limitações e profundas deficiências. O ser humano de hoje, desiludido com tantos dogmas e ideologias talvez ainda esteja disposto a crer em pessoas que o ajudem a viver dando um novo sentido à sua vida. Por isso pode dizer o teólogo Karl Lehmann que “...o homem moderno só será crente quando tiver feito uma autêntica experiência de adesão à pessoa de Jesus Cristo.”. É triste observar a atitude de setores católicos cuja única obsessão parece ser “conservar a fé” como um “depósito de doutrinas” que se deve saber defenderem contra o assalto de novas ideologias e correntes. Infelizmente, não suspeitao que Jesus poderia ser para eles. Marcel Legaud escrevia esta frase dura, mas talvez bem real: “Esses cristãos ignoram quem é Jesus e estão condenados por sua própria religião a não descobri-lo jamais”. Façamos nossa oração: Senhor Jesus, cria em nosso coração o mesmo amor por ti e por tua Igreja, que puseste no coração de Pedro e de Paulo. Amém “A responsabilidade pelo conteúdo é única e exclusiva do autor que assina a presente matéria”.

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