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Foto do escritorTela Tomazeli | Editora

PADRE ARI ANTONIO SILVA – O pecado contra o Espírito Santo

(Mc 3,20-35) 10º Domingo do Tempo Comum Existe um tipo de pecado para o qual não haverá perdão. É o pecado contra o Espírito Santo. Em que consiste esta gravidade para torna-lo imperdoável? Desde o seu batismo, Jesus foi apresentado pelo Pai como seu Filho, a quem se devia dar ouvido. Foi, também, constituído mediador da salvação divina oferecida a toda a humanidade. Suas palavras e ações, porém, tinham como princípio dinamizador o Espírito Santo, poder de Deus atuando nele, manifestado já por ocasião do batismo. Portanto, a atitude de seus parentes, que o acusavam de louco ao ver as multidões acorrerem a ele e a interpretação dos mestres da Lei para os quais o Mestre agia pelo poder de Belzebu, chocavam-se com a realidade de sua ação divina. Tudo isto significava negar que o Espírito Santo agia através de Jesus, atribuindo ao demônio o que pertencia a esse mesmo Espírito. Eis uma autêntica blasfêmia! As acusações contundentes contra Jesus manifestam um fechamento à ação do Espírito Santo. Assim como Jesus agia por esta força divina, do mesmo modo só quem se deixa iluminar pelo Espírito pode percebê-la. Quem se fecha ao Espírito, torna-se incapaz de discernir a manifestação da misericórdia de Deus, em Jesus. Fechar-se para este, portanto, significa fechar-se para Deus e, por conseguinte, tornar-se indigno de perdão. A força curadora do Espírito O homem contemporâneo está se acostumando a viver sem responder a questão mais vital de sua vida: Por que e para que viver? A coisa mais grave é que, quando a pessoa perde todo contato com sua própria interioridade e mistério, a vida cai na trivialidade e na falta de sentido. Vive-se de impressões, na superfície das coisas e dos acontecimentos, desenvolvendo apenas a aparência da vida. Esta trivialização da vida é provavelmente a raiz mais importante da falta de fé de não poucos. O homem de hoje resiste  à profundidade. Não está disposto a cuidar de sua vida interior. Mas começa a sentir-se insatisfeito: intui que precisa de algo que a vida de cada dia não lhe proporciona. Nessa insatisfação pode estar o começo da salvação. O grande teólogo Paul Tillich dizia que só o Espírito pode ajudar a descobrir novamente “o caminho da profundidade”. Pelo contrário, pecar contra o Espírito Santo seria “carregar nosso pecado para sempre”. O Espírito pode despertar em nós o desejo de lutar por algo mais nobre e melhor do que o trivial de cada dia. Pode dar-nos a audácia necessária para iniciar em nós um trabalho interior. O Espírito pode fazer brotar uma alegria diferente em nosso coração, pode vivificar nossa vida envelhecida; pode acender em nós o amor inclusive para com aqueles pelos quais nos sentimos hoje o menor interesse. Quando o ser humano vive sem interioridade, perde o respeito pela vida, pelas pessoas e pelas coisas. Mas, sobretudo, perde a capacidade de “escutar” o mistério que se encerra no mais profundo da existência. O Espírito é “uma força que atua em nós e que não é nossa”. É o próprio Deus inspirando e transformando a nossa vida. Ninguém pode dizer que não está habitado por esse Espírito. O importante é não apagá-lo, avivar seu fogo, fazer com que arda purificando a renovando nossa vida. Talvez precisemos começar invocando a Deus com o Salmista: “Não afastes de mim eu Espírito”. Façamos nossa oração: Senhor Jesus, ajuda-nos a reconhecer a ação do Espírito Santo em ti e a perceber a misericórdia do Pai atuando por teu intermédio. Amém. “A responsabilidade pelo conteúdo é única e exclusiva do autor que assina a presente matéria”.

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