Chuvas, mortes e apagão no Estado reacendem no Congresso Nacional o debate sobre fiação elétrica subterrânea no Brasil

No período de chuva, aumentam os riscos com ventanias, descargas elétricas, quedas de árvores e pistas molhadas, que podem causar danos a rede de distribuição elétrica, quebras de postes e rompimentos de cabos. O problema afeta várias capitais brasileiras e uma possível solução para proteger vidas e evitar apagões é o projeto de lei, reapresentado pelo deputado Marcelo Crivella, que pretende obrigar as concessionárias a substituírem as redes aéreas de distribuição de energia por redes subterrâneas
Brasil, fevereiro de 2025: Os riscos de tragédias com fios aumentam durante temporais porque as chuvas fortes podem facilitar o rompimento dos cabos, ocasionando também a interrupção do fornecimento de energia para os moradores. Um levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mostrou que nos últimos anos foram registradas cerca de 36 mil ocorrências envolvendo fiações da rede elétrica e de telecomunicações. Mais de 4 mil pessoas perderam a vida, enquanto outros perderam a luz dentro dos domicílios.

Em Gramado, RS, já foram retirados em torno de 800 quilos de fios, em uma limpeza que iniciou em janeiro/25. A Prefeitura segue o trabalho com as empresas de telefonia e elétrica. O objetivo é fazer uma limpeza geral em toda a cidade com maior rapidez possivel, pois como diz o prefeito municipal de Gramado, Nestor Tissot, "somos uma cidade turística e temos que nos preocupar com a apresentação e segurança". Na imagem os trabalhadores das cias e de camisa clara o Prefeito de Gramado.
O apagão duplo, da vida e da força, reacendeu a necessidade de enterrar os fios da rede elétrica. Menos de 1% da fiação das ruas brasileiras é subterrânea, ou seja, enterrada. Enterrar a fiação é um projeto de lei que já tramita no Congresso Nacional e que obriga as concessionarias a substituírem as redes aéreas de distribuição de energia por redes subterrâneas. A proposta foi protocolada em 2011 pelo então senador Marcelo Crivella, mas foi arquivada pós concessionárias pedirem uma audiência pública que não aconteceu. Agora, como deputado federal, o republicano reapresentou o projeto em outubro do ano passado, pós o apagão que deixou milhões de pessoas sem energia elétrica no País.
Para o parlamentar, o debate não pode ser mais adiado. “A COP 30 será em novembro. Um ano extraordinária para que o Brasil possa tomar as providencias preventivas para ficarmos imunes as mudanças climáticas que afetam as redes aéreas de distribuição de energia elétrica e a vida das pessoas”, ressalta. Caso seja aprovada a proposta exigirá a modernização dos serviços de energia elétrica em cidades acima de 300 mil habitantes, no prazo de 4 anos. “ Se seguirmos o exemplo dos EUA e Europa, que reduziu a fiação aérea que coloca em risco a vida das pessoas, vamos deixar um legado para próximas gerações”, comenta o parlamentar.
Especialistas garantem que a rede de energia subterrânea apresenta menor probabilidade de interrupção de energia, porque os componentes são a prova d’água, não param de funcionar com alagamento e evita mortes por descarga elétrica. Segundo o parlamentar, tal ação evitaria “interrupções frequentes causadas por eventos climáticos, onde milhares de famílias são afetadas diretamente, com perdas de alimentos na geladeira, aparelhos eletrônicos queimados e até a vida”.
Outro fator importante sobre o texto, ressaltado pelo autor, é que a fiação subterrânea traria uma “economia a longo prazo”, pois reduziria o furto de energia e de cabos. “O impacto sobre a segurança pública seria enorme, prevenindo acidentes fatais relacionados à infraestrutura aérea”, finalizou.
Cenário:
Brasil perde a “ força” no cenário internacional e é um dos apagões do mundo:
Atualmente, menos de 1% da rede elétrica no Brasil é subterrânea. São Paulo tem apenas 60 quilômetros de cabos aterrados, enquanto cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte têm 11% e 2%, respectivamente.
Enquanto na Europa, a média de tempo que as residências passaram sem luz foi de 12,2 minutos por ano em 2022 (mesmo com a crise energética causada pela guerra na Ucrânia), na maior cidade brasileira algumas famílias se queixam de mais de quatro dias sem energia.
Gramado/RS - Brasil
O projeto de fiação subterrânea iniciou em Gramado ano de 2006, na administração do ex-prefeito de Gramado, Pedro Henrique Bertolucci, um visionário no Turismo. Hoje o município possui 3 KM de fiação subterrânea incluíndo um trecho do Belvedere (mirante turistico da cidade).
Memória 2006 - Foram instaladas canaletas com cerca de 1m40cm de largura, dentro delas instalados de 10 a 12 tubos para receber os fios das redes elétricas, de telefone, de TV, de iluminação pública, de sonorização e de câmeras de segurança.
Hoje, em 2025, o atual prefeito do munícipio de Gramado, Nestor Tissot trabalha em três frentes com relação ao assunto: a limpeza da fiação, onde empresas de telefonia e eletrecidade retiram os "fios mortos', já foram retirados cerca de 800 quilos de fios, em três quadras da Rua São Pedro, a rua mais movimentadas da cidade, que autoriza transporte pesado. A Avenida Borges de Medeiros, depois de sua revitalização total, não foram somente os fios, não permite mais a passagem de ônibus e carros pesados.
A Prefeitura trabalha em um estudo para fiação subterrânea na Avenida das Hortênsias, espaço dos Arcos, onde acontece o Grande Desfile de Natal, já para este ano de 2025.
Para o restante da cidade, as principias vias, Nestor Tissot disse que vai conversar com a chinesa RGE, empresa que tem a concessão da energia elétrica para o municipio. Nestor argumenta que a concessionária de energia utiliza a via pública, gratuítamente, para colocar os postes e cobra das empresas de telefonia para a utilização. Para ele deve existir uma contrapartida: "Não falamos nem em dinheiro, o município abre e fecha o solo e a RGE coloca fiação subterrânea’, diz o Prefeito de Gramado.

Nas duas imagens acima vemos a Avenida Borges de Medeiros, Gramado,RS, sem fiação. São cerca de 3km de extenção, projeto inciado em 2006. Na primeira ao natural, na segunda com a decoração da Páscoa em Gramado que neste ano de 2025 acontece de 28 de março e 21 de abril. Crédito: Cleiton Thiele
Paris
A rede elétrica subterrânea começou a ser instalada em 1910 na capital francesa. A cidade tem toda a sua fiação no subsolo há mais de 60 anos, instalada em túneis subterrâneos.
Nova York
Já possui 71% de seu cabeamento enterrado. São cerca de 150 mil quilômetros de fios debaixo da terra e quase 60 mil quilômetros de cabos aéreos.
Buenos Aires
Avança na substituição desde a década de 1950.
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