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Tela Tomazeli l Editora

As mulheres da minha terra

Contam por verdadeiro, que a avó de conhecida personalidade gramadense ficou grávida antes do tempo oficial. Perguntada por seu pai quem lhe havia feito mal, ela respondeu que quem lhe havia feito bem, tinha sido o João. Este fato, lembrado perto do Dia Internacional da Mulher, reafirma que a amarração dos gramadenses por suas conterrâneas (ou donzelas de municípios vizinhos), é um fanatismo incontrolável   que remonta a priscas eras. Também, graciosas como foram e continuam sendo, não deixam aos homens outra alternativa senão a de permanentes gestos de precipitação afetiva ou fisiológica.

Não há qualquer dúvida de que Gramado é o território das mulheres mais bonitas, charmosas e inteligentes do Brasil. E não atravessamos as fronteiras do país, devido à evidente modéstia que nos caracteriza e que é avessa a qualquer tipo de exagero. Adversários das nossas glórias, dizem que os turistas sempre vieram à nossa terra  para usufruírem de bom clima, lindas montanhas, perfume de vegetação silvestre. Mas, colocando-os dentro de um caprichado «vino veritas», confessarão que estão aqui porque foram arrastados pelo fascínio da mulher gramadense que, além de tudo, cheira a flores silvestres desde o dia em que nasce. As turistas, por sua vez, dizem que aqui estão para ver se descobrem a fórmula de tantos atributos fascinantes.

Contudo, o maior de todos os dons das nossas mulheres é a voz. Perto delas, o canto das passaradas que moram em nossas matas   fica reduzido a um lamentável choromingo. Nas festas para gramadenses, as orquestras tocam baixinho para que não perturbem o delicioso som dos risos ou falas das encantadoras filhas dessa terra. Ouvi-las cantar na igreja, sob o manto de uma inocência dissimulada a duras penas ou escutando duas tagarelarem enquanto dão voltas em torno do lago do Parque Hotel, permitem compreender, um pouco, todas as loucuras que temos praticado seduzidos pelos ternos e maravilhosos rabos-de-saia que circulam por aqui já há duas vezes 50 anos.

Elas foram ou são nossas avós, mães, madrinhas, esposas, filhas, parentes, amigas. Continuar a amá-las, de longe ou perto, é a tarefa mais agradável e fácil que temos para o resto do ano.    

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