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Tela Tomazeli l Editora

A missão das azáleas

Um dos motivos devidos à franca notoriedade que Gramado tem é o de ser cidade hospitaleira a todos os tipos de flores. Elas aqui se sentem tão em sua casa, que aproveitam qualquer espaço de chão para deitar suas sementes, cumprir seu crescimento e exibir sua delicada capacidade   de florir. E suas preciosas populações primam pela diversidade de aparência, de colorido e de esmero no arrumar suas pétalas à apreciação pública.

Determinados gramadenses, manchados pela parcialidade de seus rompantes telúricos, dizem que nossas flores são dotadas de um propósito espiritual. Planejam-se para serem vistas pelos justos e generosos olhos do céu, menos do que pelos imprevisíveis olhares humanos, marcados pela preconceituosa preferência de cor e pelo seletivo gosto de alguns por particulares quadross florais.

Algumas flores locais, de tão bem consideradas em suas importâncias turística e ornamental, se exibem por aqui como todos nós: sorrindo ou chorando o tempo todo, muito acima de qualquer incerta manifestação das estações do ano. É que o esforço de serem notadas no painel de tanta concorrência, depende de quanto foi oportuna a dádiva que sela seu destino genético. Mesmo assim, a azaleia plantou genes que assumiram todos os perigos que desafiam o encanto da beleza estrema.  

Pois, essa flor prestou-se ao curioso propósito de ser a mão que fecha as portas do inverno e abre as portas da primavera. Mas, a exigente atribuição é perpetrada no mês de setembro, único pedaço do ano que se presta a esse peculiar abre e fecha. Só que propósitos, muito distantes, determinaram a conveniência global de ser essa a época anual das chuvaradas e das tempestades, inconscientes algozes da fragilidade de suas pétalas.  Então, as azaléas foram obrigadas a decidirem entre guardar atributos para exibirem serventia e beleza ou para serem longevas.

Ao acalanto de altiva decisão, puseram-se ao lado do serviço e do encanto. Ofereceram a   própria vida na fidelidade a sua missão, purificando humildemente os pecados que setembro ficou obrigado a cometer.  E, usufruindo com ânsia infinita seus meteóricos dias, colheu desse nobre proceder o benefício de morrer em perfeitas condições de saúde, livrando-se das agruras que sombreiam os tempos da velhice.    

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