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Tela Tomazeli l Editora

A beleza humana e seus contrastes

Exalando pobreza de espírito, atravessa a periferia dos séculos a preconceituação de que todo o novo é belo e todo o velho é feio. Mas o jovem não tem obrigação de ser bonito nem o velho de ser feio, conceito válido para animais e coisas. Mas, velho não tem obrigação de ser feio e nem jovem obrigação de ser bonito. A obrigação de cada um é, apenas, o natural predicado de ter muitos ou poucos anos de existência. E o animal mais sensível a essa avaliação é o ser humano, devido ao mérito de ser a única criatura dotada de vaidade.

Esse tema, tido como um dos mais incidentes sobre o comportamento humano e sua avaliação, tem sido expresso em ditados tão sábios quanto peculiares e esclarecedores. Um deles, foi inventado por um querido professor rural gramadense, chamado Pedro Gomes da Silveira, que gostava de filosofar sobre o assunto e dizia: “de novo até eu era bonito”. Porém, afrouxava o argumento quando alguém lhe contestava declarando que a beleza lhe persistia em seus sábios tempos de terceira idade.

Vindos, sabe lá de onde, outro ditado continua afirmando que: “para quem ama o feio, bonito lhe parece”. Para as pessoas em geral – especialmente para cronistas que nunca andaram perto da beleza em qualquer idade – esse problema clama por significados mais precisos e convincentes. Tanto é assim que se fosse pelo fato de a graça dos noivos se afastar deles ao correr dos anos, a maioria das mulheres ficaria casada por pouco tempo.

 Quem se sente feio busca estratégias para ser menos feio e quem se sente bonito ciranda em torno de sua beleza. Os dois se prejudicam porque o primeiro costuma diminuir a confiança em si mesmo e o outro porque tende a se apoiar em frivolidades, ignorando o verdadeiro significado do mundo que transita ao lado da veneração que têm por eles mesmos.       

Porém, há dois pilares inseridos preferencialmente na aparência dos seres humanos: o medo e a tristeza. Ambos remexem silenciosamente nas mais reservadas gavetas de suas almas, pondo em desordem os órgãos que definem sua identidade, e quem mais paga a conta é a expressão do rosto. Existe algo mais feio que um (a)jovem triste ou algo mais belo que um(a) velho(a) alegre?  

E nenhum preconceito ou exposição de motivos, resiste à verdade deste contraste.    

Edições Antigas

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