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  • Foto do escritorTela Tomazeli | Editora

CRÔNICA – O colono e a colônia

No último meio século, as colônias do município perderam aproximadamente 80% de seus moradores. Comparando-as com os modernos campos de produção agrícola que usam máquina e financiamento bancário, elas parecem mundos abençoados pela solidão. E não veem como sobreviveriam tendo que trocar as vozes dos pássaros e dos outros animais, que botam o som do lugar em que vivem, pela indistinta e pouco poética zueira que sonoriza as cidades. A produção agrícola quase artesanal que conseguem, depende da força do braço e da coluna vertebral, pelo que homens e mulheres são, prematuramente, envelhecidos e pouco saudáveis. Não há tecnologia além da luz elétrica, a qual lhes permite ver na TV aquilo que não têm, não são e nunca terão ou serão. Durante a semana têm trabalho de sobra, mas no domingo quase não existe onde se divertir. Neste dia apenas deixam o tempo passar enquanto, taciturnamente, descansam fazendo serviços mais leves. Os que conseguiram ficar mais antigos, admiram-se de ver seus filhos e netos cada vez mais distantes da alegria da terra e das algazarras típicas de outras gerações – mesmo aqueles que o ônibus da fábrica busca em casa e devolve todos os dias. Esses breves retalhos da vida de nossos colonos eu pinto com consciente e franca amargura, mas sem nenhum rancor. Incluindo-me entre eles, sinto que nós passamos, assim como o dinossauro, a carreta e o trem. Somos vítimas de todos e de ninguém. Simplesmente fomos dispensados pelo passar do tempo. “A responsabilidade pelo conteúdo é única e exclusiva do autor que assina a presente matéria”.

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