Batata com polenta
Estamos vivendo a Festa da Colônia, o mais importante de todos os nossos eventos. O destaque que ela possui, certamente, não está em seu esplendor, mas em sua simplicidade. E, por mais que disfarcemos cada gramadense é um pouco colono, mesmo fazendo pose de distinto citadino. É que o jeito de ser colono pega e fica.
A ExpoGramado geme em baixo de mil pisadas e a gordura de porco enche os ares e deixa brilhando tanto as vidraças de luxuosos prédios vizinhos quanto as folhas de majestosas araucárias.
Numa ponta do parque ficaram “os alemão” e na outra “os gringo”: um extremo de batata outro de polenta. Como sempre foi, o convívio entre as duas descendências é perfeito, pelo que o jovem alemão de fala mais atravessada está de olho na gringuinha, atravessada também. Tal oposição sentimental tem dado excelentes frutos, o que pode ser comprovado por uma simples olhada na direção de meus tão belos filhos.
Desta vez, a festa foi organizada de modo algo diferente: os garçons já usam desodorantes, tira-se ficha para comer uma coisa ou outra, há filas diante de muitas tendas.
Nota-se que nesse ano a Festa está até encantando turista, pois a beleza do teatro e o esforço que os agricultores fazem para não parecer tão colonos, deixam o ambiente inundado por comovente suavidade. Justificaram com o argumento de que, para nós, a festa representa diversão e homenagem a eles colonos, mas, para os próprios, representa dinheiro, ganho com muito mais esforço do que capinar roça ou virar pedregulhos.
Então, junto com o romantismo e o enorme significado cultural, a grande Festa da Colônia carrega parte da subsistência de muita gente. Participar dela é um momento de prazer pessoal, mas também um gesto de límpida solidariedade.
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