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Colunista l pe.arisilva@hotmail.com

A força da fé

(Lc 17,5-10)

27º Domingo do Tempo Comum

Quando os discípulos pediram a Jesus para aumentar-lhes a fé, queriam que ela se tornasse mais autêntica e existencial. Quando isto acontecesse, eles estariam aptos para testemunhá-la com a vida, de acordo com o que acreditavam. Não é questão de aumento quantitativo da fé. Mesmo que seja mínima, mas autêntica, ela tem o formidável poder de fazer coisas impossíveis.

Esta é a mensagem da parábola da árvore transplantada para o mar. Uma fé minúscula seria suficiente para ordenar a uma árvore arrancar-se e plantar-se no mar. Essa ordem será imediatamente executada, quando resultar da confiança inabalável em Deus.

A ´profundidade da fé manifesta-se na maior ou menor capacidade de realizar as obras dela decorrentes. E as obras decorrentes da fé são as do amor. Quanto mais temos fé, mais somos misericordiosos com o próximo, cultivamos uma disposição contínua para perdoar, buscamos, em tudo, ser fraternos e solidários com os outros, empenhando-nos pela causa da justiça.

As obras de fé são, em última análise, o dever fundamental da comunidade cristã. Realizá-las é obrigação. Quem as pratica, sabe que faz o que Deus quer. Portanto, tem consciência de ser um simples servo inútil, cuja única grandeza consiste em fazer o que é seu dever.

 

Aumenta-nos a fé:

O importante não é a quantidade de fé, mas a qualidade. Alimentai dentro de vosso coração uma fé viva, forte e eficaz. Entenda-se: uma fé capaz de “arrancar” árvore como a figueira ou sicômoro de solidez e estabilidade, para “plantá-la” no meio do lago da Galileia. A primeira coisa que nós cristãos precisamos hoje não é “aumentar” nossa fé em toda doutrina que fomos formulando ao longo dos séculos. O decisivo é reavivar em nós uma fé viva e forte em Jesus. O importante não é crer em coisas, mas crer nele.

Jesus é o que temos de melhor na Igreja, e o que temos de melhor é oferecer e comunicar ao mundo de hoje. Por isso, não há nada mais urgente e decisivo para os cristãos do que colocar Jesus no centro do cristianismo, ou seja, no centro de nossas comunidades e dos nossos corações. Passaram-se mais de vinte séculos de uma fé, precisamos nesse momento uma fé mais robusta e vigorosa. Tempos de fé robusta e também de crise e incerteza.

 

Aumenta-nos a fé:

Faze-nos viver uma relação mais vital contigo, sabendo que tu, nosso Mestre e Senhor, és o que temos de mais importante, mais valioso e mais atraente na Igreja. Dá-nos uma fé contagiosa que nos leve a uma fase nova de cristianismo, mais fiel ao teu Espírito e à tua trajetória.

 

Aumenta-nos a fé:

Faze-nos viver identificados com teu projeto do reino de Deus, colaborando com realismo e convicção para tornar a vida mais humana, como o Pai quer. Ajuda-nos a viver humildemente nossa fé com paixão por Deus e compaixão para com os que sofrem.

 

Aumenta-nos a fé:

Ensina-nos a viver convertendo-nos a uma vida mais evangélica, sem resignar-nos a um cristianismo rebaixado, no qual o sal vai se tornando insosso e a Igreja vai perdendo estranhamente sua qualidade de fermento. Desperta em nós a fé das testemunhas e dos profetas.

 

Aumenta-nos a fé:

Não nos deixes cair num cristianismo sem cruz. Ensina-nos a descobrir que a fé não consiste em crer no Deus que nos convém, mas naquele que desperta nossa responsabilidade e desenvolve nossa capacidade de amar. Ensina-nos a seguir-te carregando cada dia nossa cruz.

A fé brota do coração sincero que se detém para escutar a Deus. Diz um teólogo catalão: “…a fé não está em nossas afirmações ou em nossas dúvidas. Está além: no coração…que ninguém, exceto Deus, conhece”.

 

Precisamos nesse momento da história reconstruir a experiência religiosa.

Hoje não se pode crer em Deus como há alguns anos. Cabe a nós apaixonante tarefa de aprender caminhos novos para abrir-nos ao mistério de Deus, seguindo de perto esse Jesus que sabia “ensinar o caminho de Deus conforme a verdade”. Então! Como reconstruir hoje a experiência de Deus?

  1. É reconhecer e aceitar a própria finitude.
  2. Aceitar ser a partir dessa realidade que chamamos “Deus”.

Aceitar com confiança esse Mistério que fundamenta nosso ser. A pessoa perde a fé quando se desliga dessa Realidade suprema que fundamenta o seu ser. Estes passos não são dados com segurança absoluta. Há uma certeza de fundo, mas acompanhada de obscuridade. A pessoa percebe que é bom confiar em Deus, mas sua confiança não é o resultado de um raciocínio, nem a convicção provocada por outros a partir de fora.

A confiança nesse Mistério que chamamos “Deus” muda tudo. Há muitas coisas que continuamos sem entender, mas “sabemos” que a palavra “Deus” encerra um mistério no qual está o que deveras o coração humano deseja. O importante então é “deixar-se amar”. Santo Inácio de Loyola dizia que, em tudo isso, o decisivo não é “o muito saber”, mas o “saborear e sentir as coisas internamente”. Quanto bem faz aos que vivem em plena crise religiosa repetir a oração dos apóstolos. “Aumenta-nos a fé”.

 

Façamos nossa oração:

Espírito de fé operosa, robustece nossa fé pequena, capacitando-nos para realizar as obras do amor e da misericórdia. Amém

 

“A responsabilidade pelo conteúdo é única e exclusiva do autor que assina a presente matéria”.

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