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Tela Tomazeli l Editora

Apelo à conversão

 

(Lc 16,19-31)

26º Domingo do Tempo Comum

A parábola do rico e do pobre Lázaro comporta um apelo à conversão, especialmente dirigido a quem está tão preocupado com os prazeres desta vida, a ponto de se tornar insensível às carências de seus semelhantes, mormente, os mais pobres.

A primeira cena exibe o rico, cujo nome é omitido, gozando os prazeres da vida, vestindo roupas caras e banqueteando-se esplendidamente. À sua porta, jaz um mendigo doente, de nome Lázaro, que significa “Deus ajuda”, coberto de feridas. Nada lhe chega da mesa do rico que possa saciar-lhe a fome. Suas chagas são lambidas por cães vagabundos os quais Lázaro não tem força para afastar.

A morte, porém, inverte as posições. Lázaro recebe a ajuda de Deus, por quem é acolhido. O rico, porém, é brindado com um destino de tormentos indizíveis, no inferno. Só, então, dá-se conta do quanto fora insensato, despreocupando-se com a própria salvação. Era tarde demais! O rico havia desperdiçado o tempo posto à sua disposição, escolhendo um modo de vida folgazão. Caminho igualmente escolhido por seus cinco irmãos. Também eles se recusavam a dar ouvido às Escrituras. Nem mesmo um milagre espetacular, como a ressurreição de um morto, seria suficiente para chama-lo à sensatez. Logo, estavam escolhendo a mesma sorte do irmão defunto, se não se convertessem imediatamente.

 

 Não ignorar aquele que sofre:

O contraste entre os dois protagonistas da parábola é trágico. Por um lado, o rico bem vestido, vida de luxo e ostentação. Curiosamente este rico não tem nome, pois não tem identidade. Não é ninguém. Sua vida vazia de compaixão é um fracasso. Por outro, junto ao portão de sua mansão jaz um mendigo faminto, coberto de feridas. Ninguém o ajuda. Só alguns cães se aproximam dele para lhe lamber as feridas. Não possui nada, mas tem um nome portador de esperança: Lázaro, que significa “Meu Deus é ajuda”.

Jesus lembra que Deus tem a última palavra sobre ricos e pobres. O rico não é julgado como explorador. Não se diz que ele é um ímpio afastado da Aliança. Simplesmente desfrutou sua riqueza. O pobre estava ali tão perto, mas ele não o viu. Estava junto ao portal de sua mansão, mas o rico não se aproximou dele. Excluiu-o de sua vida. O pecado do rico foi a indiferença. Ora, de acordo com os observadores, percebe-se que está crescendo em nossa sociedade a apatia ou a falta de sensibilidade diante do sofrimento alheio. Evitamos de mil maneiras o contato direto com os que sofrem. Pouco a pouco nos vamos tornando cada vez mais incapazes de perceber a aflição.

Quem segue Jesus vai se tornando mais sensível ao sofrimento daqueles que Ele encontra em seu caminho. Aproxima-se do necessitado e, se estiver ao seu poder, procura aliviar sua situação.

 

O pensamento de Jesus:

Ao penetrarmos na lógica de Jesus, é possível perceber que o rico da parábola não é descrito como um explorador que oprime sem escrúpulos seus servos. Não é esse seu pecado. O rico é condenado simplesmente porque desfruta despreocupadamente sua riqueza, sem aproximar-se do pobre Lázaro. É esta a convicção profunda de jesus. Quando a riqueza consiste em “desfrutar a abundância de maneira excludente”, ela não faz crescer a pessoa, mas a desumaniza, porque vai tornando indiferente e insolidária diante da desgraça alheia.

A parábola é um desafio à nossa vida satisfeita. Podemos continuar organizando nossos “jantares de fim de semana” e continuar desfrutando nosso bem-estar, quando o fantasma da pobreza já esta ameaçando muitos lares? Nosso pecado é a indiferença. Portanto, precisamos evitar toda linguagem discriminatória para não desprezar nenhuma cor, raça, crença ou cultura. Assim, nos tornamos mais humanos ao experimentar vitalmente a riqueza da diversidade. Chegou o momento de aprender a viver no mundo como a “aldeia global” ou “a casa comum” de todos.

Devemos ter presente de não cairmos na tentação de pensar que os pobres são maus e que põem em perigo a sociedade, em contraposição a “os bons”, os cidadãos exemplares que achamos que somos. O traço mais desumano do rico descrito por Jesus é sua absoluta indiferença diante do sofrimento do miserável Lázaro. Será que esta parábola não retrata a pouca humanidade desta nossa sociedade, que pretende progredir e alcançar maior bem-estar esquecendo o sofrimento dos mais fracos e desafortunados? É bom pensarmos!

 

Façamos nossa oração:

Espírito de sensatez, ensina-nos a aproveitar o tempo que nos é concedido para viver o amor, solidário com os pobres, de forma a nos preparar para o encontro com o Senhor. Amém

 

“A responsabilidade pelo conteúdo é única e exclusiva do autor que assina a presente matéria”.

Gramado Magazine

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